Descobertas de Carnaval






Use camisinha!
Não havia mais nada que os professores pudessem falar além dessa frase ao fim de suas aulas (que saco). Todo mundo ficava com aquela cara de sacana e depois sem jeito, rapidamente mudando de assunto. Eu ficava na minha, mas sabia que iria usar pacotes de preservativos. Era véspera de carnaval e eu havia levado um fora cheio de classe do rapaz que eu gostava desde a infância, o Lucas.

"Não podemos estragar uma amizade assim, imagine se não der certo? A amizade não será a mesma... Mas, pra quebrar esse clima, o que acha de curtir o carnaval comigo?" Isso mesmo, eu iria passar meu feriado com ele.
Na verdade, nunca me importei com carnaval. O que me deixava feliz eram os dias em casa vendo filmes ou acordando tarde. Mas aquele seria o mais importante e mais original de todos os meus carnavais, por isso os preservativos (risos). 

Nossa, parecia um formigueiro! Haviam meninas rebolando e homens gatos e bêbados para todos os lados. Eles caiam em cima e, a cada cantada era uma gargalhada de Lucas.
Dançamos, rimos e bebemos... Bebemos demais. Meu corpo estava em êxtase e toda vergonha que eu tinha na cara havia sumido. 

Me joguei para o primeiro cara que me cantou e ficamos, ali mesmo, na frente de Lucas. Lucas era em minha visão mais um gato em maio aos tantos que lá haviam. Fiquei com mais uns três ou quatro antes de ver uma morena linda e, pela primeira vez, sentir atração por mulheres.
Após alguns flertes, também fiquei com ela. Quando me virei e vi Lucas me olhando, no mesmo lugar, fui até ele.

 "Mulher também, Sara? Caraca!"
Sorri e o peguei pela cintura, cheia de atitude. Ele me beijou e nossa... Que beijo babado, horrível... Credo! Disfarcei e disse que iria pegar mais uma cerveja, mas na verdade fui conversar com aquela morena linda novamente; decepcionada com todos aqueles anos sonhando com o pior beijo da minha vida, mas por outro lado, descobrindo um lado novo meu, o qual envolvia desejo por mulheres.

Trocamos contatos e mais alguns beijos, o som alto não permitiu que a gente conversasse direito. Quando reencontrei Lucas, vi que estava ainda mais animado, tive a certeza de nua ‘animação alterada’ quando ele propôs que fôssemos à um lugar mais reservado. Ciente de seu beijo não tão bom, imaginei como poderia ser naquela hora e, torcendo para o "não", perguntei se ele tinha camisinha:"Não, mas você me conhece, sabe que sou limpo, poxa!"

Neguei até que ele ficasse chateado e, insisti que não queria pegar uma doença ou até mesmo passar algo para ele, já que passei dos limites aquele dia.

Mal sabe ele que, independente dele estar ou não munido de preservativos, eu jamais faria algo do tipo com ele... Como ele mesmo disse: "imagine se não der certo? A amizade não será a mesma."
 E realmente, não iria mesmo dar certo... Valeu, Lucas!

Sua amizade é mesmo uma joia e, valeu muito o feriado!

                                                                                                - Juliane França.                                                                              

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