As pedras de gelo caem sobre o telhado velho do motel. O cheiro de terra molhada entrou pelas frestas da janela de madeira. Há pegadas no chão envernizado e a banheira não nos é atrativa. Está frio.
Por mais que tenha esfriado, nossos corpos nus fizeram com que a temperatura subisse, mas não era calor sexual, era harmonia. Eu, voz e ele, melodia. Éramos o único complemento possível um do outro naquele momento.
O mundo poderia derreter. Tudo poderia simplesmente deixar de existir enquanto estávamos sólidos, risonhos e mais vivos que nunca.
Deitar sobre seu peito e sentir seu coração acelerado, bagunçar seus cabelos, rir seu sorriso e comer besteiras. Conversar baboseiras como duas crianças. Aquilo era nobre.
Aquele dia poderia ter existido, mas por enquanto, só existe em meus sonhos.
Sonhar é estabelecer metas. Uma das minhas metas é transformar esse dia em um dia real.
- Juliane França