Eu e Alonso vivíamos aquele amor, típico de adolescentes. Eu com dezessete anos e ele com vinte e um, estudávamos na mesma escola.
Nos conhecemos por um amigo em comum que, achou que fôssemos combinar um bocado, por conta de ambos possuirmos um ótimo senso de humor e aquele estilo brincalhão. Nosso amigo acertou em cheio.
Passamos dois lindos anos juntos, cheio de risadas e muito carinho.
Havia encontrado “a casquinha do meu sorvete”, mas inesperadamente, fiquei grávida.
Vi meu chão se abrir diante de meus olhos. Alonso ficou desesperado e eu, com aquele teste positivo nas mãos, não sabia o que fazer da minha vida.
Alonso apoiou suas mãos em meus ombros e sugeriu um aborto. Eu achava que depois ele ia dizer que era brincadeira e me abraçar, mas não. Era sério.
Eu me neguei. Me neguei até conhecer a outra parte dele, que apareceu quando ele ficou nervoso.
Ele prometeu me deixar caso aquele bebê nascesse. O pedacinho de chão no qual eu me equilibrava se desfez. Mas fui firme e disse que não iria abortar.
Sempre gostávamos do sexo sem camisinha, sempre soubemos do risco que corríamos. Não era justo eu impedir uma vida por diversão minha e dele. Decidi contar para minha tia que, ficou uma semana sem falar comigo, mas depois de alguns puxões de orelha, esteve ao meu lado.
Afonso sumiu. Me excluiu da vida dele porque eu não quis matar seu próprio filho. Ele até saiu da escola.
O nosso amigo em comum me procurou. Me perguntou sobre o que havia acontecido para Alonso sair da escola assim que terminamos.
Pensei em preservar a imagem dele por quase um segundo, mas decidi contar toda a verdade. Ele ficou sem acreditar.
“Nossa, jamais imaginei que ele fosse capaz de fazer isso.”
Então chorei, balançando a cabeça, quando meu amigo me abraçou. Ele disse que estaria comigo sempre que precisasse. Quando olhei em seus olhos, após levantar a cabeça de seu peito, ele me beijou.
Sabe aquele beijo que jamais imaginaria que ia acontecer?
Ele sempre foi como... Sei lá, uma amiga mulher (risos). Mas minha imagem sobre ele mudou radicalmente após aquele beijo bom. Ele prometeu que o bebê não iria crescer sem um pai.
Iniciamos um relacionamento. Nos dávamos muito bem, já sabíamos tudo um do outro, então não tinha aquela de “se conhecer melhor”.
Alonso nunca mais apareceu, mas os olhos do meu bebê... Os olhos do meu bebê são os olhos dele.
Me dói saber que o pai biológico daquela criaturinha, que tem os olhos dele, nem sequer quis que ele existisse.
Ok. Tudo bem.
- Juliane França