Archive for 2017-03-05

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Meu filho é a minha cara!

Meu menino nasceu com meus traços. Isso foi tão decepcionante para minha esposa (ela não disse, mas se decepcionou em segredo)! A primeira palavrinha que ele disse não foi “papa”, mas era em meus braços que ele mais gostava de tirar aquele soninho gostoso.

Quando teve o primeiro dia de aula, fui com minha esposa levá-lo. Ela não teria condições psicológicas para ver, sozinha, ele dando as costas com aquela micro mochila do Hulk. Admito que meus olhos também quiseram chorar, mas me contive.

Quando meu menino entrou na adolescência, eu e minha esposa passávamos noites em claro bolando uma forma não tão explícita de falar sobre sexo. Quando ele fez quatorze anos, percebemos que era tarde demais para explicarmos a sexualidade da forma que planejávamos.
As músicas em seu celular já falavam de sexo, da forma mais explícita possível. Ele havia deixado o computador ligado e, quando fui desligar, haviam vários vídeos pornográficos, mas tudo bem até haver também músicas que incentivavam o tráfico de drogas. Mas tudo bem, meu filho não teria a cabeça tão fraca assim, certo? Errado.
Quando minha esposa foi lavar a mochila dele, havia maconha... Havia também a joia que ela havia perdido há uma semana.

Onde erramos? O que fizemos ou deixamos de fazer para que nosso menino saísse tanto assim dos trilhos?
Em conversas, percebemos que não erramos. Não houve nada que não fizemos para que nosso menino tivesse motivação para se levantar da cama e entrar numa escola de futebol, concorrer à campeonatos de videogame, investir em um curso... Não erramos em nada.
Independente de tudo, cada um segue a vida que melhor achar. Sortudos os pais que geram bons seres humanos.
Meu filho é a minha cara, mas desde os quatorze anos, meu filho também é meu pranto.
- Juliane França

Meu trabalho me exigia a disponibilidade para viajar e eu amava isso! Por outro lado, eu e Moisés, meu marido, quase nem nos víamos. O trabalho dele era, como posso dizer... Mais "tranquilo" e, por muitas vezes, ele trabalhava de casa mesmo.

Eu fico semanas fora e, quando voltava para casa, até parecíamos dois desconhecidos, com vidas e rotinas diferentes, mas tentávamos manter a cumplicidade, a amizade e o conhecimento de tudo que acontecia com ambos.
Houve um trabalho o qual exigiu que eu fosse para o outro lado do país. Lá fiquei por quase um mês.

Vinte e dois dias depois, era hora de voltar pra casa. Estava decidida em me dedicar mais ao meu casamento. Afinal, com ele quem planejei passar meus momentos de lazer, felicidade e tristeza.

Ao chegar em casa, é na cama que ele estava, com uma mulher que não me era estranha. Naquela hora, tive a total certeza de que realmente éramos dois desconhecidos morando na mesma casa.
Chorei, xinguei e fui pra cima dos dois, ainda nús. Quando a moça revelou que também me conhecia de algum lugar:
"Ah, é você mesma! A mulher que foi amante do meu marido por dois anos!"

Sim, realmente eu havia mantido caso com um rapaz do meu trabalho por pouco mais de dois anos e, já havia visto ela em algum lugar. Eu não sabia se iria pra cima deles, se ficava quieta ou se chorava. Era o meu casamento destruído diante de meus olhos.

Meu marido, assim como eu, ficou sem saber o que dizer. A moça se vestiu e foi embora com um ar de sarcasmo e cinismo.
Era um descobrindo a verdadeira face do outro. Logo nós que, nos dizíamos livres dessa "doença" (infidelidade).

O casamento não teria estruturas para continuar. Ele provavelmente sentiu a falta de alguém pela minha ausência e eu, senti falta de alguém durante minhas viagens. Mas convenhamos que, ambos os motivos não são motivos para a traição.

Precisaríamos nos separar, mas a nossa casa era uma herança de minha família, não podendo ser vendida e devendo ser, obrigatoriamente, passada de geração para geração. Porém, Moisés havia investido muito naquela casa. Muito mesmo.

Não queremos abrir mão de nossa moradia, eu não posso colocar a herança de minha família à venda e Moisés não quer sair. O que fazer?
Talvez, a solução seja continuar morando juntos.
Ah! Por que não? Afinal, iríamos permanecer como sempre: dois desconhecidos morando na mesma casa.

- Juliane França.

Laura... Que mulher inteligente!

Já até subiu alguns degraus dentro da empresa que a conheci. Todos gostavam dela profissionalmente e pessoalmente. Mas foi mandada embora uma semana depois de mim. Fazer o quê, não é? Ninguém de nós possui empresa.

Nos aproximamos mais depois da demissão e, criamos um vínculo de amizade.
Fomos à luta juntas! Semanas e mais semanas entregando centenas de currículos e tentando gastar o mínimo possível com lanches (ninguém é de ferro).

Passaram-se meses sem nenhuma ligação, bem previsível em tempos de crise. Até que, em um dia abençoado, recebi uma ligação. Era para trabalhar temporariamente em uma empresa no ramo alimentício.
Fiquei muito feliz e, fiz de tudo para que a agência também ligasse para Laura, mas infelizmente não ligaram.
Senti uma sensação de tristeza até que, uma outra empresa ligou para ela com alguns dias. Ela fez a entrevista e no mesmo dia foi aprovada.
"Parabéns! Você merece!"
A vaga para ela, diferente da minha, era efetiva. Fiquei muito, mas muito feliz por ela! Ela já estava com um acúmulo de dívidas e eu ficava triste por não ter o que fazer.

Trabalhei feliz, mesmo depois de meus colegas de setor me alertarem que ninguém seria efetivado.
Quando meu contrato acabou, me bateu aquele vazio, junto ao cansaço de ter que procurar emprego novamente.

Ah, mas tinha Laura que, apesar de ultimamente não ter respondido minhas mensagens, poderia me indicar.
"Oi! Tudo bem? Como estão as coisas na empresa?"
Ela respondeu objetivamente e, quando pedi que levasse um currículo meu, ela simplesmente parou de responder.

Achei que pudesse ser o serviço acumulado ou algum momento inconveniente para se conversar, mas semanas se passaram e Laura não respondeu aquela mensagem. Com um tempo, a foto dela sumiu e quando, pela última vez, mandei um "oi", vi que a mensagem nem mesmo foi entregue.

Tudo bem, eu já deveria esperar por isso... Quando há dinheiro no meio, é raro existirem os amigos. Fui tão boba, mas é assim mesmo. Chega de drama e vamos à luta novamente, dessa vez, sozinha!

- Juliane França.

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