Parece que foi ontem que fui expulso de casa, minha mãe gritando por meu nome dizendo ter nojo de mim. As brigas aumentaram e se tornaram insuportáveis quando meu padrasto mudou-se para casa. Ele era muito machista, a ponto de querer me bater. Foi duro, mas não mais duro que as surpreendentes realidades da vida.
Me chamo Elton, sempre fui muito vaidoso. Sou moreno, tenho olhos verdes e corpo atlético. Sempre me cuidei e nunca abri mão disso.
Minha primeira menina foi tão marcante quanto o meu primeiro menino, ambos foram muito bons. Desde que tive meu primeiro menino na cama, aos 19 anos, tive a certeza que gosto dos dois. Lábios doces femininos e mãos fortes masculinas me alucinam.
Foi com Luis, um amigo que era meu vizinho, que conheci o mundo da prostituição. Vi diante meus olhos, dinheiro fácil em troca de prazer. Entrei para o tal mundo com poucas semanas e de imediato sofri muito com alguns programas, fiquei com febre até me acostumar àquela rotina, a dor psicológica era a maior. Com muita humilhação e divulgação, junto à manutenções corporais, hoje meus programas custam valores altos. Consigo me sustentar com isso, com uma semana faturo mais de 2 mil reais.
Mas minha mãe não aceitou. Por mais que eu pudesse dar uma vida regada à mordomias para ela. Independente de qualquer coisa, a entendo muito bem.
Tive que alugar um apartamento. Tenho uma boa vida, apesar de ser tratado como boneco inflável ou um simples orifício. Tenho saudades da minha mãe.
Meus clientes raramente são mulheres, em grande maioria são senhores que, a primeira vista, nem imaginamos que gostamos da coisa. O que me intriga no presente momento é o fato de que ontem vi o carro de meu padrasto beirando os garotos, na madrugada. Minutos depois, ele voltou, decidi ir até seu carro atendê-lo e olha só, era ele mesmo. Falei sarcasticamente:
"Oi, Pereira. Tá afim de uma festinha fora de casa?"
O danadinho saiu cantando pneu.
Assim que ele saiu, uma mulher colocou a cabeça para fora do carro e olhem só... Era minha mãe.
Quando ela me viu, bateu a cabeça de tão rápido que a enfiou de volta para dentro do carro.
Hoje, repensando a situação mais constrangedora da minha vida até agora, digo: Será que vale a pena continuar? Será que devo telefonar para minha mãe? Será que devo conscientizá-los de que nem todos os garotos são saudáveis?
Sempre fui forte, eu juro. Mas ver minha mãe no carro como cliente de algo que a fez ter nojo de mim, me derrubou... E eu não sei se quero me levantar do chão.
- Juliane França.