Quando eu morrer, quero ser velada ao som manso de Hotel California.
Que sirvam café, chá, sucos naturais...
Quero que toque Hotel Califórnia em homenagem à vida que não vivi. Transmitindo a sensação que sempre senti ao ouvir essa música, como se meu corpo e minha alma se separassem só para apreciá-la. Como se meu corpo fosse sujo demais para ouvir essa canção.
Ao ouví-la, me pego num carro caindo aos pedaços andando sem rumo numa estrada reta e deserta. Sem nenhuma pretensão, mas tendo momentos lindos, como encontrar um lago à beira da estrada ou um pássaro que nunca havia visto antes.
O mar azul está logo à frente, ainda está longe, mas uma hora chego lá.
Talvez a morte seja o momento exato que saio do carro e piso naquele mar.
Aquele mar é diferente... A sensação de tranquilidade, o som de meus pés tocando a água. O mar salgando meu corpo e me acolhendo, me parece com Hotel Califórnia.
Não espero que tenha entendido minhas viagens mentais, mas não deixe isso passar em branco. Que esse som cubra meu corpo, em despedida do mundo que não vasculhei. Em luto à estrada que nunca viajei, mas em festa pelo mar que finalmente conheci.
- Juliane França