Uma Breve Turbulência

Éramos unha e carne.

Amigas de anos e irmãs de consideração.
Saíamos juntas para todas as festas, casamentos, shoppings e até conseguimos ir à praia uma vez (foi perfeito). Tudo mudou quando ela começou namorar.
De imediato, fiquei muito feliz por ela ter encontrado alguém. Mas com poucos meses, só soube lamentar...
Ele havia proibido ela de sair comigo e de falar com o Pedro, o nosso "irmão". Muito rapidamente, ela foi morar com ele. Teve um dia em que fui visitá-la e ele estava lá, nitidamente odiando a situação. Então, logo fui embora.

Ele não gostava de mim na casa deles. Ela excluiu o Instagram, junto com muitas fotos lindas que tínhamos lá.
O canal no YouTube também havia sumido, tínhamos um projeto juntas. No Facebook dela também não tinha mais fotos. Logo ela, que gostava de se usar como cobaia para mostrar maquiagens novas que ela mesma fazia.

Falar em maquiagem, ela não mais usava. A boca que antes vivia de vermelho nude, estava sem batom algum. Os shortinhos que eu emprestei pra ela, foram substituídos por jeans folgadas.
Ela não era mais a mesma pessoa. Só conversava comigo uns 5 minutos e depois me deixava no vácuo, e assim foi até perdemos 99% de contato.

O Facebook dele estava cheio de fotos dele e do carro dele. A foto com ela era a de capa, junto com alguns comentários irônicos de duas meninas, ele não respondia nenhuma, mas provavelmente deu ousadia para comentarem daquele jeito.
Ela postava alguns status tristonhos e quando eu perguntava se estava tudo bem, ela chegava ser ignorante, perguntava se eu não conhecia mais as músicas. Mas é claro que eu conhecia, o que não estava mais conhecendo era ela...

Recebi então uma mensagem de um amigo em comum, demorou para abrir a imagem, mas quando abri, era a do namorado dela.
"Oi... Tudo bem?"
Não vi maldades, até o momento em que ele me chamou para tomar sorvete. No mesmo instante, mandei toda a conversa para ela, e ela não disse nada. Visualizou e não respondeu.

"Vamos marcar de sair amanhã?"
Surpreendente, ela me chamou para sair, dois dias depois. No mesmo segundo eu disse que sim. Fomos tomar um milk shake.
Não havia tanto assunto quanto antes, minha vontade era gritar e perguntar o porquê dela excluir todo o projeto de maquiagem dela, mas não falei nada.
Nos sentamos numa cadeira estofada, no canto da praça de alimentação. Ao olhar melhor para ela, pude ver que ela não tocou no milk shake, o olho estava roxo, coberto por uma camada grossa e mal feita de base.

"Eita, o que é isso?"
Os olhos dela se encheram de lágrimas quando ela me pediu ajuda.
Levantei-me imediatamente de meu canto e a deitei em meu peito, quando ela desabou o que pareceu estar segurando por muito tempo.
Aproveitamos que era dia de trabalho dele e fomos pegar as coisas dela e levar para minha casa.
No outro dia, de manhã, o desgraçado bateu na nossa porta e eu sem medo algum, o atendi.
"Deixa ela em paz ou vou chamar a polícia!"
Ficamos esperando por outros dias de tormenta, mas ele nunca mais apareceu. Ele era um bundão.

Um bundão, que engravidou minha amiga. Mas e daí? Essa criança na barriga dela vai ser preenchida com todo o amor do mundo, sem a presença de um monstro, mas com a presença da mãe e da tia, que vai mimar até não poder mais.

- Juliane França.

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