O Tio da Lojinha

Mamãe deveria zelar mais por mim
Que com 7 anos
Não tinha força
Muito menos o senso adulto
De diferenciar primeiras, segundas e terceiras intenções
Mamãe me deixou com um vizinho
Um senhor muito simpático
O tio da lojinha
Que era tão bom comigo
Me deixava comer doces e pipocas
Me beijava no rosto
Me abraçava
Arrumava meu vestido
E me chamava de "mocinha linda"
Mas eu não era mocinha
Eu ainda era uma garotinha
Como mamãe sempre dizia
Ainda faltava um tempo
Para eu me tornar "mocinha"
E nem mamãe me chamava de linda
Tanto quanto ele chamava
E foi num dia, comendo muitas pipocas
Que as mãos sujas dele
Foram parar debaixo de meu vestido
Não gostei, quis correr
Quis fugir
Mas tive medo de me perder
Então, lá permaneci
Ele me fez prometer de mindinho
Não contar pra ninguém
E não contei
Pois tive vergonha...
No dia seguinte
Ele colocou as mãos em mim mais uma vez
Dessa vez doeu e ardeu
"Para, Tio!"
Ele tirou a mão imediatamente
Olhou para os lados
Mas não havia ninguém
E novamente me fez prometer...
Não contei para mamãe
Mas mamãe percebeu
Quando reclamei de dor
Mamãe chorou muito, se lamentou
E com algum tempo
A lojinha não abriu mais
Nunca mais o vi
"Mamãe, por favor
Não me deixe mais com nenhum tio!
Cuide de mim!"
Mamãe passou cuidar melhor
Me deixou com uma amiga
Que me cuidou muito bem
Mas jamais esqueci dele
E foi assim que criei nojo
De guloseimas e pipocas

(Fictício)

- Juliane França.

Share this:

ABOUT THE AUTHOR

Hello We are OddThemes, Our name came from the fact that we are UNIQUE. We specialize in designing premium looking fully customizable highly responsive blogger templates. We at OddThemes do carry a philosophy that: Nothing Is Impossible

0 comentários:

Postar um comentário