O Sorriso da Simplicidade


Lena era moça rica, linda e sempre teve seu chofer para levá-la para onde quer que quisesse ir. Popular em sua faculdade, era rodeada de amigos de classe alta, como a dela. Lena nunca teve do que reclamar, sempre teve tudo mastigado. Frequentava locais luxuosos e usava roupas de grife. Sustentada pelo pai viúvo, dono de uma grande empresa.  
Um bolsista chegou em sua faculdade. Cléber era morenosorridente, de roupas simples e usava uma mochila dada pelo governo. Foi alvo de piadas, trotes pouco pesados e, Lena estava no meio, jogando ovos, junto com seus amigos.  
Os dias se passaram e Cléber permaneceu com seu sorriso no rosto, sentava-se sozinho a mesa para comer, não tinha feito amigos. Com sua humilde marmita composta de arroz, feijão e salsicha, alimentava-se rapidamente para descansar um pouco antes de voltar para a sala.  
Lena passava por Cléber com cara de desprezo e ele por sua vez, ignorava, sorria e balançava a cabeça.  
Certo dia no final da aula, chovia muito, parecia que o mundo iria cair, pingos grossos e fortes.   
O chofer de Lena atrasou, talvez pelo trânsito que a chuva causou... De cinco em cinco minutos, Lena ia para fora da Universidade ver se ele tinha chegado, mas não deu sinal. Não gostava de esperar e já estava se irritando  
Em um momento, quando Lena se aproximou pela oitava vez da saída da Universidade, se deparou pela primeira vez, com a face da simplicidade.  
Cléber estava agachado, na calçada, tomando aquela chuva. Abraçando um cãozinho que mostrava com toda nitidez que necessitava do amor dele para ser feliz, e era. Ambos sorriam com os olhos; a chuva serviu de cenário. Estava explicado o motivo do sorriso fixado no rosto de Cléber, ele tinha o amor, ele se purificava com a chuva, ele mantinha a simplicidade em seu coração.  
Lena ao ver tal cena, emocionou-se, como nunca antes aconteceu e entendeu o motivo daquele sorriso, mesmo com as piadinhas e mesmo que ninguém quisesse fazer companhia à ele. Lena largou a mochila, tirou o salto e foi tomar banho de chuva, o qual só havia tomado quando criança, por um descuido do seu pai.  
Foi revigorador, ela sorriu para a simplicidade e a simplicidade sorriu de volta. Conheceu e sentiu na pele o motivo do sorriso de Cléber.  
O chofer chegou logo em seguida e ao ver tal cena, saiu do carro, surpreso.   
" Espero que as gotas d'água falem com o coração dela".  
E falaram. Desde aquele dia, Lena percebeu que dinheiro não simboliza viver e que o verdadeiro significado de ser feliz sempre esteve nas coisas mais simples.  
Quando a simplicidade sorri, não há luxo que resista. 

- Juliane França.

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