O Mistério da Casa Morta







Sinopse
Brian decide após muitos anos, matar sua curiosidade: descobrir o que há numa casa abandonada de sua cidade, onde ninguém nunca conseguiu morar.
Junto à um grupo de amigos, decide passar na casa o final de semana para se divertir e tirar suas próprias conclusões.


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Me chamo Brian e tenho 18 anos. Estou prestes a ir, junto com Caio, Rick e Pâmela, passar um final de semana numa casa a qual não vejo ninguém morar desde que me entendo por gente. Meus pais dizem, sempre que pergunto, que logo quando chegaram na cidade, ouviram diversos boatos da casa. Disseram que morava um casal de idosos e o neto que tinha a mesma idade que eu tenho hoje. O que houve, ninguém sabe dizer ao certo, ou seja, cada um possui uma história diferente. Tanto que, a cada vez que pergunto para minha mãe, ela pode diversificar sua resposta, sempre há uma definição diferente sobre o que aconteceu.
"Ouvi dizer que uma luz muito forte surgiu de dentro da casa, e quando correram para ver o que aconteceu, não havia mais ninguém".
"Ouvi dizer que o neto do casal, ficou louco e acabou matando seus avós porque eles não o deixavam sair de casa, e logo após se matou."
E por aí vai...
Mas o estranho é que nunca encontraram corpos, não há vestígios de ninguém, ninguém nunca encontrou nada além da casa vazia. Algumas pessoas até tentaram morar lá, já que ninguém jamais impediu, mas saíram com poucos dias. Mendigos já vieram em bando para morar e adivinha? Não conseguiram ficar uma semana. 
O que acho disso? Muito louco! Chamei meus amigos mais corajosos para encararem uma aventura naquela casa, eles toparam numa boa, são tão corajosos quanto eu. 
Minto, dizendo para minha mãe que vou dormir na casa de um amigo, coloco na bolsa um pacote de biscoitos, uma câmera e umas camisinhas (Pâmela é meio "oferecida" e eu sou bem aproveitador). Encontro-me com o pessoal e sem enrolar, vamos para a tal casa misteriosa, descobrir o motivo de ninguém durar uma semana ali. O portão é de madeira, está podre e é fácil de abrir. A casa tem um quintal enorme, que está com mato alto. Passamos pelo mato para chegarmos até a porta principal, que também é de madeira, não está podre como o portão, mas está lá de enfeite, torna-se fácil de abri-la. O pessoal faz a maior cerimônia para entrar na casa:
— Entra primeiro, Caio!
— Ah, por que eu? Vamos fazer o seguinte: vamos ser cavalheiros... Vai lá, Pâmela!
— Até parece!
Logo, tomo iniciativa e sou o primeiro que pisa naquela sala fria. Ao fixar meu pé esquerdo no chão, sinto o pé frio, como se estivesse descalço, mesmo usando tênis. Estranhamente, um filme com todas as boas experiências passa pela minha cabeça em um segundo, incluindo coisas que me fizeram rir rapidamente. 
Logo após, todos os meus amigos entram. Entramos pela sala, onde há um sofá, muito velho de couro. Fora o sofá, não há mais nada na casa, nem pia na cozinha, nem privada no banheiro. É só uma casa abandonada fedendo mofo. Percebemos que não há com o que se preocupar, com exceção de onde faríamos nossas necessidades fisiológicas.
Felizmente, o pessoal trouxe uns cobertores. Mas iremos demorar para dormir; forramos um lençol no chão frio da sala e formamos uma roda para contar histórias de terror regadas de muita besteira para comer.
— Nossa, me veio a cabeça o dia em que acampei e dei meu primeiro beijo, foi um dos dias mais felizes da minha vida, a moça era tão linda... — Comenta Rick.
Passamos horas e horas da madrugada contando historias macabras, quando de repente, ouvimos um barulho muito forte vindo da cozinha, eram batidos de panelas. O mais estranho é que não tem nada na casa que não seja aquele sofá. Toda aquela tranquilidade de antes acaba de ir embora. 
Ficamos desesperados. Mas é madrugada de domingo, tudo lá fora está "dormindo" e muito escuro. Optamos por esperar amanhecer para irmos embora.
Logo, arrumo meu canto para dormir ou tentar fechar os olhos. Pâmela se deita com Caio, não sou hipócrita em dizer que bateu uma inveja na hora, mas tudo bem. Rick se deita perto de mim.
Não consigo dormir, como o esperado, estou com muito medo. O barulho das panelas foi muito forte, e mais, que panelas foram aquelas? 
Um som alto de gemidos invade a sala, Rick e eu nos levantamos e nos deparamos com o sexo explícito de Pâmela e Caio. Caio por baixo do corpo delicado de Pâmela, que sequer deixava de beijá-lo. Caramba, não tiveram nem a vergonha de estarmos no mesmo ambiente que eles! As camisinhas que eu trouxe não iriam ser usadas, definitivamente. Logo, quebro o silêncio munido de gemidos e suspiros:
— Ei! Que safadeza é essa aqui na minha frente?
Me arrependo do que disse no primeiro segundo após abrir a boca.
Pâmela vira para mim com um rosto que não a pertencia. Os cabelos lisos estão muitíssimo ressecados e nitidamente haviam crescido mais desde que fomos tentar dormir, os olhos são completamente brancos e a boca negra, sem mais nenhum dente. Ao olhar ligeiramente para Caio, percebo que ele não vive mais, seu rosto parece não ter mais carne, somente ossos e pele, os olhos estão esbugalhados e quase saltam para fora. 
Tento me levantar para correr o mais rápido que já corri na vida, mas não consigo me mover. Algo invisível me prende com muita força. Pâmela se levanta e vem em minha direção, já não sei mais como estou vivo, estou com muito medo e meu coração nunca bateu tão forte. Aquilo não é mais a Pâmela, é um espirito que não está nem um pouco calmo. Tal entidade fala comigo ao vir ate mim:
— Por que vocês vieram aqui? Estão invadindo a casa de meus avós e eles não gostam de bagunça!
A voz é masculina e cheia de ódio. 
Esse e o momento em que Rick corre para abrir a porta e ir embora, ele consegue abrir a porta, mas logo sinto o que me impede de me mover me soltando quando aquilo vai atrás dele. Rick fica paralisado e aquilo o beija com sua língua gigante e negra. Rick fica pálido e choroso, a coisa que possuiu Pâmela empurra ele para fora e ele vai embora, mas incrivelmente, não sai correndo. Em poucos segundos, aquilo volta para mim e faz o mesmo comigo. A língua daquilo possui textura rústica como pedra e um gosto incomparavelmente azedo. Sinto toda a alegria de meu coração indo embora, todas as boas lembranças e toda a vontade de viver somem num segundo. Desmaio.
Quando acordo, estou em casa, na minha cama. Haviam me resgatado. Minha mãe está sentada na beira da cama muito nervosa e logo diz em tom consideravelmente alto:
— Você é louco? Brian, até mesmo quem precisava de um teto para dormir jamais conseguiu ficar um dia ali!
Eu não respondo nada, só quero falar com Rick. Ao pegar o celular, já há uma mensagem dele.
"Não conte para ninguém o que aconteceu, ou ele vem te buscar."
Desisto de falar com ele na mesma hora. Isso não é a única coisa de qual desisto. Desisto de tudo, de todos os planos. Minha vontade de viver evaporou. 
Logo, minha mãe que ainda se encontra na beira de minha cama, começa a chorar e ao perguntar o motivo, ela diz aos soluços:
— Rick se matou hoje de manhã, filho. Rick se matou, se enforcou dentro do quarto dele!
Não sei o que dizer e jogo o celular longe no mesmo instante. Abraço minha mãe que chora descontroladamente. Não tenho reação, como se todo o sentimento humano sumisse de dentro de mim.
Agora sei que aquela casa ainda  é habitada, acredito que pelo neto do tal casal de idosos, talvez ele quisesse me contagiar com a mesma ausência da vontade de viver que ele teve antes de se matar. Agora sei um pouco do que aconteceu naquela casa, mas isso me custou a morte de meus dois amigos e a internação de Pâmela, que foi parar num hospital psiquiátrico por não parar de falar sobre a coisa escura e cheia de ódio que morou dentro dela. Aqui em meu peito não reside mais a vontade de fazer nada, nem sequer tomar um banho para tirar o cheiro de coisa ruim que está fixado em minha camisa. Acho que Rick não aguentou o desespero desse vazio, ou o medo daquilo ir até ele. Mas sabe, não tenho medo, não tenho nem vontade de me levantar da cama. Adoeci de dentro pra fora.
Respiro automaticamente, meus pais não precisam saber que possuem um filho morto dentro de casa.
- Juliane França.

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