Um dia, tive nojo da minha filha

Depois de me contar que gostava de mulheres, ela passou a cheirar mal, mesmo tomando vários banhos, a voz dela era horrível, eu fingia estar dormindo para não cumprimentá-la quando ela chegava do serviço...
Quando ela resolvia trazer a namorada dela, no domingo, eu até saía de casa para não ver as duas juntas.

Tive que aceitar. Todos da família diziam que aquilo era normal hoje em dia.
"Hoje em dia está tudo bem quando uma mulher fica com outra".
Tive que aceitar aquilo a força.

Jamais aceitei aquilo no meu interior. Tinha nojo, estava crente de que uma aberração saiu de minhas entranhas. Me odiei por não ter abortado.

Com um tempo, algo não funcionava mais nas minhas pernas. Algo que me impedia de andar e tampouco correr da minha própria filha. Quando todos viraram as costas, ela me surpreendeu, estendendo as mãos. Largou o emprego para cuidar de mim. Infelizmente, eu teria de conviver com ela.

Tive que esperar, desesperadamente, aquela onda de água podre molhar meus pés, sem chances de dar um passo para trás.
Só que quando me tocou, notei que de todas as águas, ela era a mais limpa.

Naqueles meses, descobri que minha garotinha não morreu. Ela continua lá, por detrás do boné e das roupas folgadas. Com a mesma delicadeza, com a mesma voz, com o mesmo rosa nas bochechas quando sorri...

Talvez eu tenha sido a tal água podre, mas quando a aceitei como filha, me purifiquei. Conheci a melhor amiga do mundo, a filha que havia morrido ressuscitou...

Tudo clareou e o arco-íris apareceu. Hoje, mais colorido do que nunca.

- Juliane França.

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