"Joga essa coisa no lixo!"

Garrafas de vodka jogadas pelo sofá, cheio de furos que fiz com minhas unhas pretas de sangue. Foi difícil, mas consegui encontrar uma pessoa que tirasse aquilo de mim.

Está ali, jogado no lixo da cozinha, já tinha os olhinhos e um pequeno coração. Sinto muito, mas meu corpo ainda não quer transformar diversão em gente.

O meu namorado está muito chapado, ele só sabe rir e eu, vejo o mundo rodando. Sem calcinha, descabelada e escorada na parede. Aquele sofá é duro demais, prefiro ficar no chão.

"O que vamos comer hoje?" - ele diz.
Sei lá, pode ser pizza com mais vodka. Pode ser um pão com presunto.
Ele precisa arrumar as coisas para que ninguém nos veja nesse estado. Precisamos também esvaziar o lixo da cozinha, urgentemente.

Tenho que tomar um banho, o cheiro de sangue misturado com álcool toma conta do meu corpo. Esse sangue seco não sai das minhas mãos, o que eu faço? Será que sai com acetona? Vou tentar tirar depois.
Mas antes, vamos fazer amor.

"Com força e mais força. Isso! Mais rápido, mais forte!"
Tudo muito bom, com grandes goles de álcool.
Ele parece não ter mais tanto ânimo pelo meu corpo, ele não acaricia mais o dragão nas minhas costas.
Mas ele não é louco. Ai dele se me deixar (risos), vai virar estuprador na minha boca, vai ter outro feto no lixo da cozinha, vai ganhar um olho roxo.

Espero que ele melhore, seja preciso, antes que fique chapado na cadeia.

"Venha, vamos levar esse lixo para fora e visitar nossos amigos."

- Juliane França.

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