Caramba, Fernando!

Caramba, Fernando! Que nojo de você!

Homem empreendedor, que calculava tudo, centavo por centavo, antes de qualquer compra.
"Assim nunca faltará nada para nós."
Nao faltava mesmo e, aquilo era bom. Mas sobrava muito dinheiro, dinheiro que poderia ser transformado em viagens, em roupas, em lazer...
Mas quem disse que Fernando liberava o dinheiro?

Mas tudo bem, eu tinha o meu que, era para as crianças, para os materiais escolares, para um tênis novo...
E o dinheiro de Fernando? Começava o mês com cinco mil e terminava com mil sem ao menos gastar dentro de casa.
Fernando era mão fechada com seus próprios filhos, com sua própria esposa, mas não com as bebidas caras, não com os amigos, não com as prostitutas de luxo, não com seus ternos, não com seus relógios caros e suas "viagens a trabalho".

Caramba, Fernando, qual o seu problema?
Seu problema era as drogas, as quais encontrei em uma das gavetas. Estava viciado em crack.
Com dois anos, Fernando começou a morrer, perder peso e perder a noção das coisas, perdeu o emprego, perdeu o costume de usar seus trajes sociais e, com um tempo, perdeu a vida. Mas ainda tinha um bom dinheiro.

Desculpa, amor, mas não pude fazer nada por você. Cadê suas amantes agora?
E sozinha, tive a atitude de usar toda aquela bolada de dinheiro para forrar seu caixão. Não me julguem! Tenho certeza que essa seria a vontade dele.
Que seus familiares e filhos me perdoem, mas eu vivo por amor, vivo por viagens, pela minha família e Fernando, viveu por dinheiro.

Espero que as cédulas te aqueçam.

- Juliane França.