Amor Bandido

Eu tinha quatorze anos e meu sonho era ficar com o menino mais popular da escola, felizmente ele quis ficar comigo também.

Mas era uma discórdia... Todo mundo falava mal dele para mim, eu era a única que enxergava algo de bom nele. Bom, eu e mais algumas meninas que, chegaram a me ameaçar de morte.
Ah, sei lá o que ele tinha! Era um sorriso gostoso, os olhos verdes e o corpo moreno tentador, cheio de tatuagens, números e cicatrizes que, ele nunca dizia exatamente o motivo delas.

Eu tenho problemas respiratórios, mas aprendi a me acostumar com o cheiro de maconha, pois era o que o acalmava e evitava que ele gritasse comigo, então, maconha passou a ser como... Um remédio para dor de cabeça.
Ele também bebia, bebia muito. Quando bêbado, me pegava para ser sua cúmplice nos roubos aos supermercados e lojinhas pequenas.

Confesso que para mim, era tudo uma aventura. Eu sabia que era errado, mas estava perdidamente apaixonada por ele e achava ele o máximo.
Esse amor resultou em um bebê, aos quatorze anos, meu corpo já não era mais o mesmo de menina, era corpo de mulher, mulher grávida. Uma semana antes do meu aniversário de quinze anos ganhei minha filha e, desde aí, ele nunca mais me olhou como antes. Eu passei de "namorada  top" para "mãe da minha filha".
E foi só para isso que servi, para ser mãe. Saí da casa da minha mãe e quando virei as costas, deixei ela chorando, como se soubesse que eu não mais iria voltar. E eu não voltei.
Eu não podia sair de casa, de jeito nenhum.

Ele tatuou o rosto da minha filha no braço, próxima da tatuagem de uma mulher com seios de fora.
Minha filha e eu passamos nossas infâncias com ele. Sim, eu ainda era uma criança. Nosso barraco tinha cheiro forte de maconha.
Fiz amizade com as mulheres dos amigos dele, elas estavam desesperadas, mas elas não poderiam fugir e, se fugissem, não iriam tão longe.

A polícia nunca pegou ele, mas ele devia para alguns outros bandidos que, resolveram acertar as contas lá mesmo, na nossa casa, tendo eu e minha filha como plateia.

E foi após o barulho da bala entrando na cabeça dele, que vi que eu estava anestesiada e, aquela vida nunca foi o que eu quis para mim.
Espero ser mãe o suficiente para minha filha não seguir meus passos tortos.

- Juliane França.

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