O Motorista

Lágrimas que brotam
Como flor tímida
Vozes em vão se soltam
Sem ninguém dar a mínima
Não há com quem falar
Não há ouvidos carnais
Um ombro pra descansar
Não há quaisquer mortais
Quero tanto chorar
Agarro o travesseiro
Abraço que faz arrancar
A máscara feliz do dia inteiro
Por vezes canso da viagem
Me cansa ser passageiro
Carrego pedras na bagagem
Um lápis e um ficheiro
E quando estou prestes à descer
O motorista vem me agradecer
Por ser guerreiro nascido pra vencer
E me manda escrever
Poema ou poesia
Algo gostoso de se ler
Romance ou fantasia
Faço tudo ficar mais claro
A cada vogal e consoante
Pela janela vejo um céu raro
Sou mais viva e confiante
Isso que me motiva
E me faz permanecer na viagem
Viagem louca da vida
Decorando toda imagem
Com versos e alguma rima
Até que eu gosto da paisagem
Mas estou aqui pelo motorista
Que dirige a minha vida

- Juliane França.