Ela Caiu na Minha Conversa





Ela caiu na minha conversa.
Fácil, fácil. Quase todo mundo do colégio já havia tentado ficar com ela, mas ninguém conseguiu. Ouvi dizer que ela nunca havia se entregado à ninguém, tão linda e tão ingênua, isso me atiçou. Fui atrás, como um cão atrás de carne.
Foram-se algumas horas de exclusividade, algumas madrugadas jogando conversa fora, ela citando assuntos que eu nem entendia, mas fingia entender. "Família, futuro"... Temas que me faziam zombar dela mentalmente.
02:15 da madrugada com os olhos fechando sozinhos, e quando não suportava mais ficar acordado, tinha que criar um texto cheio de frescura pra me despedir. Despedidas como: "Bom descanso, minha linda. Até amanhã, espero que nossos planos se realizem pois você é o motivo pelo qual levanto a cabeça do travesseiro mais tarde."
Frases padronizadas, com quem provavelmente já havia usado e usaria com outras meninas.
No outro dia, logo de manhã, ela vinha na escola sem olheira alguma e se chegava pro meu lado com um sorriso gigante, enquanto eu, cheio de olheiras, a abraçava... Com intuito de sentir seus seios lindos. E quando ela se virava, nada no mundo me impedia de admirar seu bumbum tão bem desenhado.
Ela tinha 17 e eu 23, ela era a nerd mais linda da escola, e eu um 'repetente' de olhos azuis, ela disse ter se apaixonado por mim, eu não sabia o que era se apaixonar.
"Eu também estou apaixonado por você!"
Não demorou muito e ficamos. Aquela boca macia me levou ao céu, fiquei ainda mais excitado. Com algum tempo depois, transamos, na minha casa, depois da aula. Ela não sabia o que fazer, mas fazia com carinho, mesmo que tremendo de nervoso, estava feliz.
Para mim, era o máximo tudo aquilo, mal esperava para contar aos moleques que havia conseguido ficar com ela. Era como um jogo difícil terminado por mim.
No dia seguinte, lá vinha ela de novo, sem olheiras e com um sorriso gigante para o meu lado. Senti preguiça, o jogo havia acabado, deu vontade de virar as costas, pois já havia enjoado.
Não demorou muito e parei de responder as mensagens que se aglomeravam, áudios, ligações não atendidas. Para mim, estava tudo bem, foram só umas horas de diversão.
Algumas semanas depois, ela chegou na escola cheia de olheiras, com um ar de choro e aquele sorriso matinal não existia mais, os cabelos bagunçados e a blusa machucada. Isso me doeu, isso me tocou e me senti o pior homem do mundo.
Pedi desculpas à ela, ela aceitou, mas não ficamos mais juntos, nunca mais nos falamos e nem sei mais se ela vive na cidade, no país ou mesmo no mundo...
Ela caiu na minha fácil, mas eu caí junto com suas olheiras, espero que ela tenha se levantado. Aquele sorriso dela, sem que eu notasse, dava vida às minhas manhãs.
Aquele sorriso será fundamental para iluminar a vida do sujeito que será pra ela, o homem que eu jamais tive a capacidade de ser.
- Juliane França.

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