Chove no campo

Esse prefeito é um lixo! Onde está minha mãe?
Provavelmente trabalhando ou pesquisando imóveis. Estamos todos loucos para sair daqui, até mesmo o Rex, nosso cãozinho que é judiado todos os dias pelas crianças "possuídas" do vizinho.
Toda a força que existe em mim parece muito menos que as forças de uma formiga. Não adianta bater, não adianta arranhar, minhas unhas já quebraram e doem demais. Só ouço o gemido macabro daquele homem fedido e o som do meu corpo se rompendo sem a mínima piedade.
Rex me viu, mas nada pode fazer, ou levaria pedradas, talvez tiros...
"Vai para casa, Rex!"

Isso dói demais, mas já não sinto a dor física, sinto uma dor mental e sei que essa dor não vai passar.
"SOCORRO! SOCORRO!"
Não adianta gritar, eu sou tão idiota...
Posso ver preservativos caindo na grama junto ao sangue que logo é retirado pela chuva. As mãos dele nas minhas costas parecem ter uma tonelada.
Só que em um momento de descuido, consigo pegar aquela arma pesada em sua cintura e com um disparo certeiro, acerto sua cabeça. Rapidamente, visto minhas vestes encharcadas e antes que eu possa correr, um vizinho me vê, ao lado do corpo do prefeito. Já era.

"Safada!"
"Deve não ter aceito que ele tinha família."
"Você matou um pai de três filhos pequenos."
"Vai apodrecer na cadeia."

Ouço isso até o fim do dia. Agora todos acham que eu era amante do prefeito quando na verdade fui sua vítima.
"Até você, mãe? Mãe, fala alguma coisa!"

Essas minhas pernas se tornarão velozes e ninguém irá me achar. E se me acharem, prefiro ser presidiária por ter matado aquele que me violou ao ser presa por minha própria mente, se por acaso eu o deixasse livre.

Chove no campo e em todo o meu corpo.

Obs: fictício

- Juliane França

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