Uma Nova Crença

Esse deus pra mim era pura ilusão.

Uma mitologia, como o pé grande. Ninguém se atrevia a contrariar minha descrença, pois nunca fui de ouvir as coisas e abaixar a cabeça; eu defendia minha opinião sobre a ilusão daquele deus até a pessoa cansar de discutir.

O problema era que, meus pais eram evangélicos e, me forçavam a ir para aquela igreja que eles frequentavam. Pra mim, era um grande teatro idiota. Por algumas vezes, meus pais até que abriam mão de minha presença, mas na maioria delas, eu tinha que ir. Provavelmente, eu era um desgosto para eles.

Meus cabelos eram vermelhos, eu usava piercing por toda a região das duas orelhas... Nem preciso dizer que eu era a atração turística da igreja.
Ah, esqueci de falar da tatuagem de uma pimenta, que tenho na perna.
Nossa, os olhares iam do início ao fim daquele "teatro".
Era sempre a mesma coisa, só que houve um dia em que olhei na direção do pastor e, ao seu lado havia um menino calmo e de olhar sereno. Ele, dentre todos daquela igreja, era o único que não olhava para mim. Isso era bom, porque dava para mim admirá-lo com mais tranquilidade.

Tranquilidade... Era isso que aquele menino passava para mim.
Um dia, fui fumar lá fora, depois da minha mãe quase me bater dentro da igreja. Ele estava lá e, me deu uma baita bronca. Eu só sabia sorrir.
Ele também sorriu e, quando ele sorriu eu acho que, sei lá, perdi o controle de minhas expressões faciais.

Desde aquele dia, não ficávamos um dia sequer sem nos falar. O pai dele que não devia gostar muito, pois ele era o pastor da Igreja.
Eu com minhas ideias e ele com ideias de um mundo totalmente diferente do meu, nos tornamos interessantes um para o outro.
Com o tempo, comecei a largar os piercings e o cabelo vermelho estava desbotando. Não, não foi ele quem me incentivou à isso, eu mesma quem estava começando perder o encanto.

Houve um dia em que ele foi à igreja comigo e, durante uma oração, ele pegou na minha mão... Nunca havia sentido nada parecido com o que senti: um arrepio bom de dentro para fora e um abraço interno no coração. Quando olhei para ele, ele parecia que sabia o que eu havia sentido. Piscou para mim e apertou minha mão.

Sem perceber, me apaixonei pelo filho do pastor da igreja. Eu mesma me declarei para ele, ele disse que também sentia algo forte e puro por mim. Desde então, nossos abraços ganharam uns minutos a mais.
De início, todos foram contra. Ficamos juntos por meses até que, por insistência, nossas famílias cederam e, por milagre de alguém que cuida de mim e eu desde então não conhecia, o cristão e a "descrente" deram certo.

Nosso primeiro beijo foi depois da aprovação dos nossos pais. Demorou, hein! Mas valeu muito a pena.

- Juliane França.












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