Despedida de Solteira



Em meio à tantas amigas que tenho, algumas não são tão comportadas assim. Olha, admito que essas são as melhores. Amo brincar, descontrair e falar sacanagens, mas sempre respeitando o Celso, meu noivo.
Paula é a mais extrovertida de nosso grupo, ela me propôs uma despedida de solteira. De início recusei, mas ela explicou tudo... Não ia ter nada demais, a gente só iria sair para beber e chacoalhar os cabelos. Conversei com o Celso e ele incrivelmente nem fez cara feia, aceitou e por fim disse para que eu não o esquecesse:
- Óbvio que não vou te esquecer. 
Ele riu e me beijou, já estava na hora dele ir para o serviço, então foi coisa rápida. Vestiu o casaco que levava nas costas e foi embora, assim sem olhar para trás. Achei meio frio, mas talvez seja pelo atraso (em 10 minutos começaria seu expediente), ou por medo de ser despedido, semana passada ele contou que tinha levado uma chamada do chefe.
Eu e as meninas combinamos de ir à uma boate bem badalada, ali pros lados de Alphaville. Eu estava ansiosa, fazia tempo que não saia para espairecer, até queria que meu noivo fosse comigo, apesar de ser algo que tradicionalmente não o inclui.
Chegado o dia, estávamos em 5 meninas, Paula e Cintia, minhas amigas de anos, as outras duas eu não conhecia, fomos apresentadas e gostei delas, Bia e Evelyn. Super simpáticas.
Todas lindas, resultando queixos caídos. Estávamos realmente muito gatas (desculpa aí pelo excesso de amor próprio).
Mandei mensagens para meu noivo, mas ele não estava online, liguei e ele não atendeu... Deveria estar ocupado no trabalho, mas enfim, deixei o celular de lado.
Aquela boate era incrível, clima aconchegante, músicas variadas e muito boas! Nada comparado aos bailes que vejo por aí (com sexo explícito, credo).
Nos ajeitamos em um canto, mal gastamos com as bebidas, Paula fez "amizade" com um rapaz simpático que pagou para a gente, alguns se aproximaram, mas não dei bola e logo se afastaram, Bia havia ficado com um loiro que a chamou para dançar.
Falar em dançar, em pouco tempo fomos dançar, estava tocando um som eletrônico dos bons, não resistimos! Nos jogamos na pista como loucas.
Lá no canto, sentado bebendo algo, tinha um preto muito estiloso, ele usava dreads e tinha a barba falhada. Olhei de relance e pensei no quão legal era o cabelo dele, pensei também no porquê dele ainda não estar acompanhado, talvez também fosse casado. Logo desviei o olhar e encarei um novo passo, acho que fui bem! Ou não, quem sabe.
Em mais ou menos cinco minutos, alguém me puxa pelo braço, de forma forte e grosseira. Virei pronta para retribuir, mas era Paula:
- Olha ali, nega! Não é o seu noivo?
Meu mundo caiu... Não sabia o que fazer. Paula tinha acertado, era o Celso, agarrado com uma mulher que estava de costas para ele.
Fiquei sem reação, mas nos próximos segundos, tive a atitude mais brilhante cabível àquele momento. Fui até os dois e os cumprimentei; Celso ficou amarelo e a mulher não soube onde enfiar a carinha vermelha (risos), acho que ela já me conhecia. Mas meu alvo não era ela.
Tirei aquela aliança da mão dele e em seguida tirei a da minha, pedi para ele assistir o espetáculo que viria.
Fui até o preto de dreads, olhei-o nos olhos, ele em distância me mostrou com seu olhar que estava afim do que eu queria fazer. Cheguei nele e dei um beijo delicioso, ele apertou minha cintura contra a dele, eu estacionei minhas mãos em sua nuca. Após o beijo, não fiz questão de olhar para Celso nem para ninguém, fui embora e o preto gato veio atrás de mim. Não rolou mais nada, nos despedimos na porta da boate após as santas trocas de telefones. Quando ele virou as costas, o meu sorriso sumiu e umas lágrimas quiseram cair, mas não quis deixar, apesar de algumas caírem rapidamente, como chuva.
As meninas logo vieram atrás, perguntando se eu estava bem, ao vê-las, enxuguei as lágrimas e grite:
- Não tô bem, eu tô ótima!
Celso me bloqueou de tudo e sumiu, mas até hoje sou grata à ele, por ter me dado o prazer de um ótimo show e o passaporte para a despedida de otária.
E que despedida boa, hein?!
Eu e Paula nos aproximamos ainda mais e passamos a sair com mais frequência, não deveria restar minutos para lembrar dos planos ou do vestido que já havia escolhido, não deveria restar um segundo sequer para lutar com as lágrimas. Felizmente não restou, hoje sou mulher independente e ver vestidos de noiva me dá ânsia. Os homens para mim só tem uma utilidade e ela está longe de ser relacionada à construir uma família. Parece grosseiro isso vindo de uma mulher, não é? Mas qual o problema de uma mulher solteira pensar como a maioria dos homens comprometidos?



- Juliane França.

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